Post do arquivo do Café com Blá Blá Blá*
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Em 2018 nós perdemos todos os posts antigos e, aos poucos, estamos subindo o conteúdo antigo para que todos tenham acesso.
The Scorpio Races foi a minha primeira leitura de 2012. E não, isso não significa que eu só li este livro até agora, mas sim que eu simplesmente… Não consegui sentar para escrever esta resenha antes. Eu não sei que ingrediente mágico Maggie Stiefvater adiciona nas suas narrativas, mas elas mexem tanto comigo, que fica difícil colocar em palavras o que eu sinto a ler um de seus livros – especialmente este. Mas eu vou tentar…
Viram? Já comecei me embolando toda! É engraçado (e triste ao mesmo tempo) saber, neste exato momento em que começo a escrever, que não vou ficar 100% satisfeita com esta resenha. Simplesmente pelo fato de que acredito que não existam palavras suficientes para descrever a beleza deste livro.
Em The Scorpio Races, acompanhamos a vida de uma pequena ilha chamada Thisby onde, em cada mês de novembro, é realizada a Scorpio Races (ou “Corrida do Escorpião” em uma tradução livre, mas optei por deixar a expressão “original”). Mas está não é uma corrida comum… Suas grandes estrelas não são os competidores em si, mas sim os Capaill Uisce, cavalos selvagens que emergem das águas do oceano e são mortais para qualquer um que se aproxime deles sem os devidos cuidados.
Campeão por quatro vezes da Scorpio Races, Sean Kendrick tem sua vida completamente ligada à competição. Seu pai corria todos os anos e sempre ensinou ao filho os perigos e a magia que envolve os cavalos da água. Porém, quando o garoto tinha apenas 12 anos, acabou ficando órfão justamente por causa da corrida – de onde muitos não voltam – e a partir daí, passou a viver na fazenda do homem mais rico da ilha, treinando os garanhões competidores.
Os pais de Puck também perderam a vida por causa dos Capaill Uisce e desde então coube a ela e seus dois irmãos, a sua própria subsistência. E é justamente por causa dessas e de outras complicações que a menina decide participar pela primeira vez da corrida – a primeira mulher a se aventurar desta maneira (o que desperta até uma superstição entre os homens competidores).
Sean e Puck são, obviamente, as vozes desta narrativa. Mas, ao contrário do que você pensa, esta não é exatamente uma história de amor entre os dois jovens. Os relacionamentos presentes neste livro são tão, mas tão mais profundos e intensos, que ultrapassam tudo o que nós lemos (e vivemos) até então.
Aliás, quando questionada sobre qual seria o principal relacionamento presente em The Scorpio Races, a autora respondeu que era o das pessoas com a ilha. De fato, Thisby é uma terra fria, com pessoas ainda mais duras e “geladas”, que desperta amor e ódio na mesma quantidade. Tem aqueles que simplesmente não suportam mais viver ali e outros que simplesmente não conseguem deixá-la. É quase como uma relação masoquista de dependência.
Assim como não é possível determinar uma localização exata para a ilha (desconfia-se que seja mais para os lados do “velho continente”, na costa da Irlanda – a pista ficou a cargo de um personagem que foi apelidado de “o americano”), também não há como saber em que tempo exatamente se passa a história. É como se ela se transcorresse em um tempo próprio – o tempo do escorpião.
E, como não poderia deixar de ser, uma terra dura exige personagens fortes e bem marcantes. É incrível como a Maggie construiu minuciosamente cada personalidade, cada característica. Acredite quando eu digo que nada, nada mesmo foi colocado acidentalmente. Se você em algum momento se perguntar “o que esta pessoa está fazendo ali?”, pode ter certeza de que ela ainda terá uma participação importante do decorrer dos acontecimentos!
Mas não tem como falar em personagem e não voltar para… Sean Kendrick.O garoto representa a própria mitologia – como se ele tivesse um pé na terra e o outro no mar. A relação dele com Corr é uma das coisas mais impressionantes da narrativa e sinceramente uma das coisas mais lindas que eu já vi/li.
E como se tudo isso já não fosse suficiente para transformar The Scorpio Races em um dos melhores livros que eu já li na vida (sem exageros), ainda temos a lindíssima escrita poética da Maggie Stiefvater, que torna a nossa leitura dividida em: lê uma linha – respira 30 vezes – lê mais uma linha.
Mas se você acha que eu estou puxando sardinha porque ela é uma das minhas autoras favoritas (se não a mais querida de todas), vale lembrar que o livro foi homenageado com o Printz, prêmio de excelência em literatura jovem. Acredita agora? Então o que você está esperando para correr para The Scorpio Races???
“There are moments that you’ll remember for the rest of your life and there are moments that you think you’ll remember for the rest of your life, and it’s not often they turn out to be the same moments. But when Peg Gratton turns around and chalks my name on the list, white on black, I know, without a doubt, that it’s an image I’ll never forget”.
Obs: O livro foi lançado aqui no Brasil pela editora Verus, com o nome A corrida de escorpião.
Obs 2: Esse livro segue sendo o favorito da vida da Sabrina em 2021.
Ficha Técnica:
Título: The Scorpio Races
Autor: Maggie Stiefvater
Editora: Scholastic Press
Páginas: 409
País: Estados Unidos
Avaliação: 5/5 estrelas