Assisti Lost pela segunda vez: Recomendo

4  8 15 16 23 42

Assim como muitos fãs da série Lost, eu fui por muito tempo ‘enganada’ e busquei os segredos que envolviam o acidente aéreo fictício mais famoso da TV, inclusive a escotilha, os outros e os números.

Eu até fui ler Os Irmãos Karamazov de Dostoiévski e O Conto de Duas Cidades de Dickens, só porque os livros foram citados em momentos importante e acreditava que havia alguma resposta ali. Spoiler: Não tinha.

Foi assim até a quarta, quando parte da fã base começou a debandar e eu fiz parte desse movimento, mas faltando duas semanas para a season finale em 2010, eu resolvi tirar o atraso para ver o final com todo mundo.

Apesar de muitas críticas, eu fui uma das que gostaram do final, mas guardei a série na estante e segui a vida. Adorava falar que quando tivesse filhos os faria assistir com a promessa que no final eles teriam todas as respostas.

Foi o mesmo discurso por muitos anos, mas em uma tarde no começo de 2019 passava um episódio da segunda temporada na TV e eu não conseguia me lembrar o que acontecia na sequência. Aquilo me assustou um pouco porque não estava linkando as histórias e sem querer comecei a ver tudo de novo.

Lost

via GIPHY

A história da série começa quando um avião cai em uma ilha deserta e logo um grupo de passageiros precisa lutar para sobreviver. Liderados pelo médico Jack Shephard e pelo misterioso John Locke, eles irão descobrir que o local esconde perigosos segredos. Com o passar do tempo, são reveladas informações sobre o passado dos sobreviventes, como Hugo ‘Hurley’ Reyes, Sayid Jarrah, Kate Austen e James ‘Sawyer’ Ford.

Só que grande parte do que é colocado como mistérios na primeira temporada são só a ponta do iceberg. Entretanto, há muitas informações e detalhes importantes sobre toda a base da Ilha e da história que vamos conhecer, logo no primeiro episódio.

Locke resume toda a disputa da série em uma única frase, sentando na areia pós acidente, quando os sobreviventes ainda estão em choque.

Criada por JJ Adrams e Damon Lindelof, Lost tratou de sobrevivência, amor, ódio, luto, ciência, campos eletromagnéticos, experimentos sociológicos e médicos, viagens no tempo e a luta do bem contra o mal.

Com tantos tópicos, personagens e timeline, admito que a série que começou com tudo e arrebentando na audiência e critica errou ao longo do caminho.

Seja em detalhes como a idade de Walt (será que os produtores não acreditaram que passariam da primeira temporada?), como em grandes plots que levavam a caminhos sem uma consistência ou explicação, como um episódio inteiro para explicar as tatuagens que o ator que interpretava Jack, Matthew Fox, tinha e eles resolveram incluir na trama.

Erros pequenos e grandes que custaram uma parte da audiência, e uma enxurrada de confirmações de críticos e entusiastas desanimados, que os produtores não sabiam para onde estavam indo, o que é muito comum em séries (Teve até o final de uma super série ano passado que não foi condizente com nada).

A questão é que mesmo com tantas perguntas em aberto, e contrariando todo um histórico que ela mesma apresentava, Lost sabia para onde estava indo. As tramas paralelas não ajudaram a mostrar isso enquanto estávamos vendo pela primeira vez. Eu não vi todas as ligações e joguei metade delas no lixo.

Só que ver tudo novamente, com calma e com mais clareza sobre qual seria o final, foi mais fácil captar as coisas que realmente importavam.

Olhando o todo, também conseguimos pontuar os personagens que realmente seriam chaves. Apesar do entrelaçamento das tramas em uma tentativa de mostrar causa e efeito, alguns personagens desnecessários ganharam muito tempo de tela e nem todos os protagonistas da série estavam ali desde o início.

O sexteto inicial é imprescindível para toda a história, assim como Charlie até o seu momento de partir, mas Claire já havia ficado dispensável após algumas temporadas.

Porém, os criadores também acertaram ao longo do caminho.

Logo na segunda temporada, somos apresentados à Desmond, o homem da escotilha que não só se tornaria a pessoa mais interessante da série, como seria o responsável pelos melhores momentos.

Os dois episódios mais bem ranqueados (ambos com 9,7/10) no IMBD da série são:

Throught the Looking Glass, último episódio da terceira temporada em que descobrimos que ‘Not Penny Boat’ e The Constant, quinto episódio da quarta temporada.

Seguindo a linha de sequência comum em Lost, The Constant foca durante o episódio o passado e futuro de Desmond em um momento especifico e até chorei assistindo pela segunda vez, porque é impossível não ter outra reação com o final desse episódio.

Ficou curioso? Veja a cena AQUI!

Se a minha experiência da primeira vez com a série foi conturbada e cheio de altos e baixos, parar e ver novamente, me trouxe não só uma visão diferente de toda a narrativa, como me deixou mais tranquila que não perdi o meu tempo acompanhando essa série na minha adolescência.

Meu tempo (e saco) de ver série reduziu muito com os anos, mas até toparia ver uma terceira vez. Quem sabe daqui uns 10 anos?

O final de Lost

Com 127 episódio e finalizada há mais de 10 anos, Lost não deve estar na sua lista de prioridade para ver ou rever tão cedo, porém, é uma série que te confunde na primeira e lhe encanta completamente na segunda visita.

Já ter lido A Última Batalha de C.S. Lewis, me ajudou muito a ter uma visão clara das últimas cenas da série, mas a explicação de vários fenômenos e do motivo da ilha ser o que era, é muito simples. Talvez, essa simplicidade tivesse sido o que desanimou muitas pessoas com a sua finalização, mas ao mesmo tempo que é simples, era algo que não podia ser jogado sem uma amarra por trás. Os telespectadores acusariam a série de religiosa antes que ela pudesse explicar exatamente  a sua teoria.

Poucas séries conseguem ficar muito tempo no ar e manter a qualidade e consistência por todos as temporadas. Lost não fugiu desse destino, mas seu grande trunfo e ter ido até o fim e realmente explicado a sua função de existir, mesmo que não fosse a explicação que muitos esperavam ou buscavam.

A força da Ilha atraiu o avião da Ocean Arlines e seus passageiros, mas também atraiu instituições de pesquisas, bilionários, náufragos e muitos telespectadores do mundo inteiro para as suas praias exatamente porque tinha o poder. Maior, mais poderoso e forte que poderia existir.

Algo que está presente em todas as nossas histórias, contos e é base para quase todas as religiões: A luta do bem contra o mal. E nessa parte, fez muito bem.

 

via GIPHY

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *