Meu sonho de criança: ser uma Chiquititas

Eu sei o que muitos de vocês devem estar pensando: Sim, eu também sonhei em ser uma chiquititas!

Para os nascidos no final da década de 80′ e começo de 90′ a novela original, inspirada em uma versão argentina chegou para abalar as estruturas e eu, fui uma das crianças, que não conseguiu resistir. Tinha todos os CD’s, bonecas, revistas e sonhava em ver um show delas.

Tinha não, ainda tenho todos os CD’s, porque me faltou coragem para doar essas preciosidades. Nesse Dia das Crianças, queria compartilhar o que representou o sonho para a minha infância e como hoje vejo o quanto já revelava da minha personalidade.

Quem eram as Chiquititas?

 

Para quem não conheceu com detalhes, ou não se recorda, as Chiquititas foi uma novela criada na Argentina e que ganhou um versão brasileira nos anos 90′ e depois uma releitura em 2013.

Lançada em 1997, passava em um bom horário, tinha músicas, danças, ótimos atores (tantos que seguiram e seguem até hoje) e um roteiro pensado e amado por muitas crianças e famílias.

As crianças moravam em um orfanato e até o final, mesmo com as constantes mudanças de lugares, o intuito foi sempre dar uma vida melhor para cada uma delas.

O elenco original contou com carinhas novas que se tornaram muito conhecidas como Fernanda Souza, enquanto ao longo dos anos apareceu Carla Dias,  Kayky Brito e Stephanie Brito, Jonatas Faro, Marcos Pasquin, Bianca Rinaldi, Debora Falabella e tantos outros.

Alguns saíram de lá para outras profissões, outros seguiram carreira, mas independente das escolhas como adolescente/adultos, não podemos negar que enquanto estavam em seus papéis, arrasavam.

Eu era fã?

Sim, amava a novelinha, sabia cantar todas as músicas, sonhava com o dia em que elas ririam tocar na minha cidade, Varginha, porque eu não tinha dinheiro para ir para outro lugar assistir.

Falava para todo mundo que era fanzona e era a realidade, logo em seguida, já no começo da adolescência me embrenharia nos livros de Harry Potter, mas durante toda a minha infância, os meus sonhos e olhar de fã estava para cada uma das personagens.

Como meu nome era muito diferente, Stefânia, vivia esperando o dia que teria uma chiquititas com o meu nome. Isso não aconteceu, mas durante uma semana, uma das personagens encontrou e batizou uma aranha de Stefânia. Ouvir o meu nome soar pela TV foi mágico e ainda tenho lembrança da cena bem clara na minha cabeça e eu correndo para contar para os meus pais. Era só uma aranha, mas era o MEU NOME!

Anos depois, eu vi algumas delas no Hopi Hari, mas não tive coragem de pedir por uma foto quando estava do meu lado, já revelando um outro traço da minha personalidade: Posso ver um artista que amo (hello Taylor Swift!), mas se não é um lugar para tirar ou pedir por uma foto, eu não vou pedir para respeitar o espaço deles também. Só que no final do dia, ao ver outras pessoas tirando, eu tomei coragem e esse foi um bem precioso. Quem mais lembra da Tati que a Ana Olívia Seripieri interpretava?

 

Foi só muitos anos depois, quase recentemente que entendi porque sabia não só cantar e dançar todas as músicas só por ‘diversão’ eu tinha uma missão: me tornar uma chiquititas.

 

Tinha chance?

Morava no meio de Minas Gerais, não tínhamos nem dinheiro direito e éramos mais pobres do que imaginava (isso é tópico para outro dia) e apesar de acreditar com todo o meu coração que me tornaria uma integrante do elenco, isso, obviamente, nunca aconteceu.

Eu poderia não ser uma boa atriz, poderia não entender dançar tão bem quanto a minha cabeça acreditava e por Deus, minha voz é péssima, mas eu não deixaria de fazer parte por não estar pronta.

O mais perto que cheguei de um show (e de me tornar uma) foi quando teve um cover da banda em uma festa da cidade e eu debaixo de chuva com a minha mãe aproveitei (meio triste por não ser as originais), antes de subir no palco e tirar fotos com as meninas.

Como eu com 25 anos, sentei do lado da atriz do parque da Pequena Sereia na Disney e literalmente soltei um ‘Você é a minha favorita’, só posso imaginar o que falei para elas.

Estava treinado no meu subconsciente algo que depois tornaria um padrão na minha vida: Não perderia uma chance na vida por não estar preparada.

Inglês, informática, muitas horas de estudo, faculdade, cursos livres, documentários, podcasts e tantos outros caminhos que eu buscaria para estar sempre pronta para os desafios que estavam vindo.

Coração com buraquinhos?

Sim, muitos.

Infância é um momento mágico e em um bom ambiente, pode ser importante para construir o seu caminho para o futuro.

Fez bem ocupar meu tempo e a cabeça aprendendo letras e coreografias, fez bem para minha extensão do mundo, das minhas possiblidade pensar e acreditar que eu poderia me tornar um integrante.

Não buscava fama, mas queria fazer parte. Queria viver aquela experiência, o que dentro da minha realidade hoje, faz muito sentido.

Vivo atrás de novas experiências que me farão ver um novo mundo.

Por isso que tenho dificuldade em criticar fãs de outros artistas, não peguei a fase Rebelde, One Direction ou qualquer um depois deles. Não assisti a nova versão de chiquititas também.

Continuo a mesma pessoa, a mesma criança, os mesmos sonhos impossíveis e querendo sempre estar preparada para o que pode acontecer.

Meus sonhos de se tornar uma chiquititas nunca aconteceu, mas enquanto eu focava nisso, não via outras coisas, não sentia o peso das dificuldade da minha própria casa. Vivi o restante da minha infância como eu deveria: sonhando o impossível e acreditando que eu merecia e conquistaria tudo o que eu me preparasse.

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