Entre Páginas – The Woman in White

Post do arquivo do Café com Blá Blá Blá*

Este post faz parte do arquivo do blog.

Em 2018 nós perdemos todos os posts antigos e, aos poucos, estamos subindo o conteúdo antigo para que todos tenham acesso.

 

Em meio a uma ressaca literária medonha, resolvi me abrigar no gênero que tem me “abraçado” neste ano: os clássicos.

Tudo começou com a leitura de Tess of the Duberville’s, que inaugurou o meu ano literário em alto estilo. Somado a isso, também temos o Projeto Clássicos, que eu e a Fanny resolvemos dar sequência em 2015. Pois bem. Cercada por várias leituras que não estavam engatando, voltei para a minha estante e optei por conhecer a obra de um autor pelo qual já tinha uma certa curiosidade: Wilkie Collins.

Parte desse interesse se deve ao fato de o escritor ter sido o “BFF” (best friend forever) do meu queridinho Charles Dickens. Collins publicou diversos trabalhos nos periódicos de Dickens e, de acordo com alguns estudos literários, teve uma grande influência em obras posteriores do autor de Oliver Twist.

Tendo dito isso, confesso que sempre pensei que iniciaria a leitura da obra de Wilkie Collins por The Moonstone, livro que é tido como um dos primeiros policiais que se tem registro. Porém, acabei optando pelo gigantesco por The Woman in White… E me encantei!

“This is the story of what a Woman’s patience can endure, and what a Man’s resolution can achieve.”

A primeira coisa que chamou minha atenção ao iniciar a leitura de The Woman in White é a escrita de Collins em si. O livro se inicia com o relato do professor de desenho Walter Hartright, mas desde o começo já sabemos que será uma história contada através de depoimentos de diversos personagens. E, assim sendo, sabemos também que estas não serão narrativas objetivas e muito menos imparciais: acompanhamos a visão de cada um dos fatos, assim como suas interpretações e suas teorias.

“I trace these lines, self-distrustfully, with the shadows of after-events darkening the very paper I write on; and still I say, what could I do?”

Os acontecimentos se iniciam quando o jovem Hartright decide aceitar uma proposta de emprego para ensinar desenho para as duas jovens senhoritas da propriedade rural de Limeridge. Contudo, logo antes de deixar Londres o rapaz se depara com uma estranha aparição em sua jornada: vestida completamente de branco, uma mulher lhe pergunta o caminho para a cidade. Após ajudá-la a encontrar uma carruagem de aluguel, o personagem descobre que ela é, na verdade, fugitiva do hospício. A princípio este seria apenas um acontecimento macabro, não fosse o fato de que, antes de partir, a jovem lhe disse que havia passado momentos muito felizes em Limeridge.

O que poderia ser apenas uma coincidência acaba sendo o ponto inicial de uma história repleta de intrigas, conspirações e a busca incessante pela verdade.

Em dado momento da história um fato bem grave acontece e a narrativa se dá como em uma verdadeira colcha de retalhos com relatos que ajudam a construir – e comprovar – os acontecimentos – sim, sei que estou sendo obtusa, mas é de propósito. Dizer mais do que isso sobre o enredo seria revelar muitos spoilers. Afinal, está é uma obra de suspense e, apesar de ela não se dar naquele formato padrão com detetives e delegacias de polícia, o leitor fica grudado a suas páginas enquanto aguarda o desfecho do mistério.

E justamente por não seguir uma fórmula pré-estabelecida é que a obra de Collins é tão viciante e refrescante. A pena do autor é afiada e repleta sarcasmo e metáforas inteligentes. A forma com a qual ele descreve alguns dos personagens é simplesmente incrível (um exemplo é o fato de ele dizer que ao dar vida à Mrs. Vesey, a governanta de Limeridge, Deus deveria estar criando plantas, pois a sua personalidade é igual a de um vegetal).

Collins também não poupa a diferença no tratamento entre homens e mulheres. Não é à toa que os grandes “vilões” da história são homens e um dos principais heroís é uma mulher – e justamente aquela tida como a mais “feia”.

“(…) The other way (much longer, much more difficult, but in the end not less certain) is never to accept a provocation at a woman’s hands. It holds with animals, it holds with children, and it holds with women, who are nothing but children grown up.”

Em suma, The Woman in White é uma obra mais do que surpreendente, que fisga o leitor da primeira à última palavra. Fiquei apaixonada por tudo: pela escrita, pelo enredo e pela rica ambientação construída por Collins e mal posso esperar para conferir outros livros do autor. Já virei fã!

Obs: Aqui no Brasil o livro foi publicado pela editora Pedrazul com o nome de A mulher de branco.

Ficha Técnica:

Título: The Woman in White

Autor: Wilkie Collins

Editora: Collins Classics

Páginas: 756

Avaliação: 5/5 estrelas

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